segunda-feira, abril 03, 2006

álvaros toilette


eram 3h45 da madrugada e os dois estavam dentro de um quarto azul turquesa, mas não essa cor frívola que se relaciona ao verão em mallorca. era um azul quase pueril, de brinquedo velho desbotado; uma tonalidade acolhedora e um pouco mórbida, que lembra infância, mas que mostra como a infância já passou.
os dois estavam num canto, encostados cada um em uma das paredes, em posição fetal. pareciam aquecer um ao outro, mas estavam, os dois, muito preocupados em abraçar a si mesmos. vez por outra, geralmente quando se ouvia o som de água caindo das goteiras, olhavam furtivamente para o rosto do outro. numa fração de segundos, quando os olhos se encontravam, sentiam uma pontada prazerosa e dolorida no peito; sentiam-se agredidos e ao mesmo tempo acolhidos por uma imensidão sem cor.
qualquer palavra teria quebrado a névoa de medo, mas talvez coragem quebrasse a magia.

Nenhum comentário: